Credores aumentam pressão sobre a Grécia

Terceiro resgate à beira<br>do fracasso

As di­ver­gên­cias entre o Fundo Mo­ne­tário In­ter­na­ci­onal (FMI) e a União Eu­ro­peia sobre a sus­ten­ta­bi­li­dade da dí­vida grega e os termos do ter­ceiro res­gate, acor­dado com o go­verno de Atenas em 2015, estão a deixar a Grécia num pe­ri­goso im­passe.

Num re­la­tório di­vul­gado dia 7, o FMI in­siste na evi­dência de que a dí­vida grega é im­pa­gável nas ac­tuais con­di­ções, man­tendo a sua re­cusa em par­ti­cipar fi­nan­cei­ra­mente no ter­ceiro res­gate, caso a UE não re­veja as suas po­si­ções.

Um dos pontos de di­ver­gência é o ob­jec­tivo fi­xado pela UE de um ex­ce­dente pri­mário (sem os en­cargos com a dí­vida) de 3,5 por cento do Pro­duto In­terno Bruto a partir de 2018 e du­rante os dez anos se­guintes.

No re­la­tório anual sobre a Grécia, o FMI re­a­firma o seu cep­ti­cismo, con­si­de­rando este ob­jec­tivo «am­bi­cioso» e as me­didas para o atingir «ex­ces­si­va­mente op­ti­mistas».

«Poucos países con­se­guiram manter ex­ce­dentes tão ele­vados du­rante longos pe­ríodos e menos ainda com taxas de de­sem­prego de dois dí­gitos» como acon­tece na Grécia, es­creve o FMI.

«É pre­ciso não ter ilu­sões: se pas­samos de 1,5 por cento para 3,5 por cento isso terá graves re­per­cus­sões no cres­ci­mento», afirmou o chefe do de­par­ta­mento do FMI para a Eu­ropa, Poul Thomsen.

A sus­ten­ta­bi­li­dade da dí­vida é também vista de modo di­fe­rente. Para o FMI é ne­ces­sário um alívio sig­ni­fi­ca­tivo da dí­vida, sob pena de se tornar «ex­plo­siva» a longo prazo.

Por seu turno, Bru­xelas voltou a in­sistir, dia 13, nos seus ob­jec­tivos para a Grécia, pre­vendo que em 2018 as contas pú­blicas he­lé­nicas apre­sen­tarão um ex­ce­dente pri­mário de 3,7 por cento.

Quanto à dí­vida, a Co­missão Eu­ro­peia aponta para uma di­mi­nuição já a partir deste ano. Ou seja, de 179,7 por cento do PIB em 2016, bai­xará para 177,2 por cento em 2017, e para 170,6 por cento em 2018.

Uma se­mana de­pois de o mi­nistro das Fi­nanças alemão, Wolf­gang Schauble, ter re­a­fir­mado que um «perdão da dí­vida à Grécia» im­pli­caria a sua saída da zona euro, a Co­missão Eu­ro­peia deixou claro que qual­quer «alívio» está para já fora de questão.

Em face deste de­sen­ten­di­mento, que pode in­vi­a­bi­lizar o ter­ceiro res­gate, o pri­meiro-mi­nistro grego, Alexis Tsi­pras, apelou, dia 11, ao FMI e ao mi­nistro alemão das Fi­nanças, para que parem de «brincar com o fogo», cul­pando-os pelo im­passe nas ne­go­ci­a­ções entre a Grécia e os cre­dores.




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